domingo, 6 de dezembro de 2009

AC/DC Black Ice Tour


Quando o show da banda australiana AC/DC foi anunciado no Brasil, como parte da bem-sucedida turnê do disco Black Ice, certos jornalistas da imprensa especializada apressaram-se em estampar manchetes dizendo que eles eram uma das maiores bandas de rock do mundo.
Você consegue dizer exatamente o motivo?
Pois quem esteve no Estádio do Morumbi nesta sexta, 27, integrando um mar de chifrinhos brilhando em vermelho nas arquibancadas e pista lotadas, sabe a resposta na ponta da língua.
E não tem nada a ver com a superprodução de sons, luzes e explosões, com o palco de 78 metros de largura ou com a locomotiva de seis toneladas que se posicionava ao fundo dos músicos. Tem a ver com todo o vigor e a atitude que estes senhores roqueiros ainda mantêm, apresentando seu som básico e sem frescuras com uma energia que dá gosto. Tem a ver com a eletricidade que percorreu as mais de 65.000 pessoas presentes quando o guitarrista Angus Young executou o riff lendário de Back in Black saltitando pelo palco em seu figurino típico de colegial e com a perninha levantada. Aquela cena é um clássico absoluto, que não pode faltar no currículo de qualquer sujeito que chame a si mesmo de “fã de rock”. Este é o real motivo pelo qual se pode dizer que o AC/DC é uma das maiores bandas do mundo.
Quem teve a missão de abrir a noite foi Nasi, ex-vocalista da banda paulista Ira!. Com um set econômico, com pouco menos de 30 minutos, o cantor igualmente veterano abriu a apresentação com Por Amor, de sua antiga banda. Mas quem esperava mais petardos do Ira! se decepcionou. Nasi preferiu revisitar o passado de outra forma, aquecendo a galera com covers de clássicos do rock como Should I Stay or Should I Go? (The Clash) e I Wanna Be a Dog (The Stooges). O rock brasileiro foi homenageado com Até Quando Esperar (Plebe Rude) e duas de Raul Seixas: Mosca na Sopa e Sociedade Alternativa. Nas guitarras, o arroz de festa Andreas Kisser, do Sepultura — que, como bom são-paulino fanático, aproveitou a presença no Morumbi e subiu ao palco com a camisa do time.
Por volta das 21h30, depois de 13 anos sem dar as caras no país, o AC/DC abriu os trabalhos de sua apresentação única por aqui. Os telões em alta definição mostraram uma animação com os integrantes da banda no comando de um trem em alta velocidade, às voltas com uma dupla de gostosonas sacanas. Quando o telão principal se abriu, revelou o extravagante adereço metálico de palco – que também tinha seus chifrinhos. Era a deixa para que o grupo tocasse Rock ‘n’ Roll Train, primeiro single do novo disco e com um refrão ganchudo o suficiente para não deixar nada a dever ao desfile de clássicos que viria a seguir. “Não falamos português, mas falamos a linguagem do rock”, disse o vocalista Brian Johnson, debaixo de seu indefectível chapéu – o mesmo que se via desfilando em muitas cabeças pelo público. Eles falaram a linguagem do rock… e todos os brasileiros pareciam compreender muito bem.

Até.

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